segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Há três anos...

...eu começava a morrer.

Eu era mais inocente. Bem mais. Imaginava que amores grandes sempre se concretizavam, apesar de tudo.

Acreditava que se um dos lados amasse muito, o outro cederia. Doce ilusão né?

Bem, eu tinha meus 18 anos. Mas minha mentalidade era de um pré-adolescente apaixonado de no máximo uns 14 anos. Eu sempre fui atrasado na minha mentalidade, como um equilibrio pelo fato de eu ser adiantado nos estudos.

Eu lembro de muita coisa.

Lembro de todas, acredite, TODAS as nossas conversas, no MSN, na faculdade, no caminho até a sua casa, dentro do onibus. Cada palavra que diziamos um ao outro. Eu tentando me aproximar, voce tentando me entender e não me magoar, mas dando "pausas" em mim.

Lembro como eu falava de você para você mesmo, fingindo que era uma outra garota, e você sabia que era voce. E era ridiculo, sério. Mas era o jeito que eu arrumei, nao sabia exatamente o que fazer.

Lembro de quantas vezes fiquei esperando você para me declarar e no fim, ou você nao aparecia ou eu não tinha coragem. Eu era criança, tinha essa preocupação.

Eu te amei, e não queria te perder com uma declaração. Seria o não certo.

Lembro do mangá que me emprestaram na época, "Socrates in Love", baseado no pensamento deste filósofo que disse que o "Amor é um tipo de violência que obriga a gente a pensar".

No mangá, o personagem principal dizia "E eu sabia que desde o ínicio não havia nenhuma esperança". O contexto era diferente, mas me incomodava aquela frase, como se eu soubesse tambem.

Lembro como me declarei. De uma maneira que uma criança de 10 anos me chamaria de ridiculo: um papel de jornal enfiado na sua caneta com os dizeres, eu te amo. Depois veio seu e-mail, uma conversa por MSN e combinamos um encontro.

Antes dele, passei na sua casa e ressaltei que te amava. Bom, foi a primeira vez que disse isso pra alguém, se é que você se importa.

No dia do encontro pra saber a decisão, eu lembro do que eu estava vestindo: Uma jaqueta jeans azul, com uma camisa verde da Fatal. Tinha que ser verde por conta do time dela, palmeiras. A calça era uma azul jeans tambem, um tenis branco.

Cheguei cedo, tomei um milk shake sozinho e fiquei esperando um sinal seu. Depois de uns 20 minutos voce apareceu. Falou que ia ver uma coisa no CNA e ja vinha. Eu já estava suando frio.

Você veio, nos sentamos, voce tambem pediu um milk shake e eu pedi outro.
Estava tocando "I miss you" - da Avril Lavigne.

Aí voce disse... voce disse... eu não lembro disso. Não sei, não me lembro de nada que você disse, exceto a parte que perguntei se nem lá num futuro distante eu teria alguma chance, e voce confirmou que não havia. Tirando isso, não lembro de nada.

Não sei por que, não lembro. Talvez minha mente bloqueie isso. Talvez seja uma pequena parte de um amor que ainda sinto por voce que esteja bloqueando. Eu não entendo;

Saímos, acompanhei voce até a estação. A maior parte do tempo eu ficava calado, mas tentava conversar com voce com uma frase minha que eu devo ter repetido algumas vezes "Eu sabia que tinha essa chance, já contava com ela e achei que estava preparado, mas não estava."

Chegou meu onibus e eu fui embora. Cheguei a pensar em pedir um beijo, depois pensei em roubar um. E mais uma vez minha covardia falou mais alto e deixei pra lá. Subi as escadas do onibus e em meio a multidão te perdi.

Voltei pra casa ouvindo "Lama" da banda Lúxuria. Ao chegar em casa, pus a cara no travesseiro e pela primeira vez em 6 anos, chorei. Foi a ultima vez que chorei tambem.

E você, do que lembra? Lembra de alguma coisa? Mais do que eu?

Bem. Espero que ao menos lembre, em algum momento de solidão da sua vida, que lá no passado, no seu primeiro ano na faculdade, alguem te amou muito.

Um comentário:

  1. O sol

    Memórias doloridas, feridas que não cicatrizam, permanecem em um coração pequeno e vazio.
    De fato, sim, a dor foi tanta que causou a marca.

    O medo de tentar, de procurar, de buscar cerca todo o ser humano.
    O medo faz de nós covardes...
    Bobos... Inocentes...
    Faz de nós presas de nós mesmos, engolidos no nosso próprio abismo.

    Mas, porque deixar ser engolido pela escuridão? Enquanto os sol brilha lá fora?
    Todos os dias ele sempre está lá...
    Entre as nuvens, entre as árvores...
    Escondido sob a tempestade...

    É apenas questão de tempo, todos os dias ele costuma a brilhar...
    A cada dia seu brilho é diferente...
    Assim como a vida que muda a cada instante.

    Por de trás da escuridão, sempre haverá uma luz que nos resgatará do frio em nosso coração, mesmo que leve anos, ela um dia vai brilhar apenas pra você.

    É só não se deixar levar pelo medo de procurá-la.

    Um beijo e um abraço apertado da sua amiga do sul.

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